terça-feira, 20 de maio de 2014

Pé-quente

Virei e voltei... Com as minhas impressões da Virada Cultural deste ano. Sempre gosto de esperar um dia útil após o evento e ler tudo o que sai sobre ele: dos balanços oficiais, às mídias tradicionais, aos blogs alternativos, aos bate-papos com amigos e conhecidos que estiveram lá, e me manifestar depois de digerir tudo.

Como é de se esperar, os jornais tradicionais trazem o laudo policial da festa: os detidos, as drogas, os arrastões, os baleados. É difícil ler alguma "menção honrosa" ao evento. Os blogs tidos como "alternativos", por sua vez, se dedicam a trazer o outro lado, a festa, pessoas felizes, shows de qualidade, organização... Os amigos e conhecidos se dividem entre lá e cá.

Eu posso dizer do que eu vi e vivi. Apenas para constar, vou na Virada desde 2006/2007. Nunca fui assaltada. Nunca vi um assalto. Nunca ouvi barulho de tiro. Talvez eu tenho só sorte mesmo. Mas é mentira dizer que nunca me senti ameaçada de alguma forma. O clima fica pesado mesmo depois de uma certa hora.

Cheguei às 18h00 para o primeiro show da minha programação: Felipe Cordeiro interpreta “Expresso 2222″, de Gilberto Gil, no Palco Rio Branco. Me chamou a atenção o policiamento. Muitas viaturas e uma dupla que circulava entre o público. Isso num local onde o palco era bem pequeno, bem tímido mesmo, com pouca gente. Não sei como foi nos palcos principais, não fui a nenhum. Alternamos entre os Palcos Rio Branco e Barão de Limeira, com uma esticada até a Líbero Badaró por volta de 2h00 para o show do Jeneci. Acabou atrasando 30 minutos e decidimos ir embora. Ainda teve uma parada para comidinhas nas barracas do Vale do Anhangabaú. Saímos do centro por volta de 3h30 (não negarei que o ar já estava mais pesado a esta hora, mas, violência mesmo, não passou por mim.).

Em todo este trajeto não vi nenhum arrastão, assalto ou tumulto. Vimos apenas uma movimentação de um grupo de 20 pessoas no Palco Barão de Limeira. Pararam, confabularam, colocaram seus gorros, avançaram na multidão e... nada. Pararam e viram o show. Tá, a atitude era suspeita. Mas o terror psicológico que foi feito em torno do evento era muito maior. Impressionante como o medo fica impregnado na gente. 

No domingo tentamos o show da Céu, mas os deuses da chuva não quiseram e ele foi cancelado. De volta pra casa e fechando a conta do fim de semana: amigos, artistas incríveis, espaços públicos ocupados por gente, festa, cultura, shows que muita gente não vai ter nunca condição de pagar pra ver. Mais uma Virada com saldo positivo. 

De novo, talvez eu tenha apenas sorte... que venha a próxima.








Ps- um pouquinho do que eu penso sobre a Virada e sobre a cobertura da mesma também está neste texto do Inácio Araujo. Como disse meu amigo e leitor assíduo do blog, Sertão, "uma pena que esta não seja a versão estampada na capa da Folha. Mas o processo é este mesmo: democratizar o espaço público e os meios de comunicação".
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Abaixo, as fotos da Feira da Pompeia. Sucesso absoluto, como em todos os anos anteriores! Pompeia é muito amor! <3 <3















quinta-feira, 15 de maio de 2014

O melhor fim de semana do ano

Está chegando a hora! Neste fim de semana tem Virada Cultural. E, como em todos os anos, no mesmo fim de semana da Feira da Pompéia. E do aniversário dos meus pais (sim, do pai e da mãe, um dia depois do outro) e da querida amiga Tetê. Esses dois últimos não são eventos abertos a toda a população, mas também vão fazer com que seja o meu fim de semana mais corrido e cheio de todos os tempos.

A 27ª Feira da Pompéia já é tradição entre os moradores do bairro. Tem que ir. Nem que seja uma passadinha, um pastel, um acarajé e uma linguiça de Bragança Paulista. É uma das feiras de artesanato mais bacanas porque tem muito produto feito por trabalhadores locais, gente do bairro, artesãos que, muitas vezes, não tem oportunidade de expor seus trabalhos em outros locais da cidade durante o ano.  É bem verdade que também rola o movimento 25 de março e seus badulaques todos iguais, mas vejo muita coisa original nas barraquinhas também. Além de tudo, é o momento de encontrar o vizinho, o colega da escola que você nunca mais viu, amigos de infância. É um evento bem familiar mesmo, mas só até as 18h00. Depois disso, vira uma várzea, por isso, chegue cedo. É neste domingão: http://centroculturalpompeia.blogspot.com.br/2014/02/27-feira-de-artes-da-vila-pompeia.html



Antes disso, tem um dos momentos (pra mim) mais esperados do ano (junto com a Mostra de Cinema): a Virada Cultural. E todos os anos é uma chuva de críticas à organização, insegurança, falta de policiamento, roubos, drogas... enfim, o que não falta é gente pra criticar. Pois eu prefiro sempre focar no que há de bom. E este evento é importantíssimo para a cidade, para o acesso democrático à cultura, para a valorização e ocupação do espaço público. É um movimento que não pode morrer.  Este ano o evento será menor durante a madrugada, o período mais crítico, e os shows ficarão concentrados em alguns locais específicos, para facilitar o policiamento. Estarei por lá e, assim como no ano passado, trago minhas impressões no próximo post. Neste ano, com um celular com flash e fotos melhores do que estas! ;)

A programação completa está aqui: http://viradacultural.sp.gov.br/









quarta-feira, 23 de abril de 2014

Colaboração especial

Sempre digo a mesma coisa quando volto de viagem pelo Aeroporto de Guarulhos: retornar, de qualquer lugar que seja, e cair na Marginal do Tietê, é pra acabar com o ânimo de qualquer um. O visual, o cheiro desagradável, o cinza que engole a cidade... E claro, de brinde, aquele trânsito de 1h30, no mínimo. São Paulo poderia oferecer uma melhor recepção.

Engrenar na doida rotina, do mar de carros, da cidade poluída, leva dias, semanas... Às vezes a engrenagem simplesmente não volta a funcionar.

Aterrissando em terras paulistanas, lembrei de um texto lindo que li pouco antes das férias, de uma amiga muito querida. Era pra eu ter postado antes, acabei me enrolando... Mas foi providencial, meio que como destino, que ele deixasse pra ser postado agora. 

Com as devidas autorizações da autora, estreio aqui no blog algo que queria fazer desde o início: agregar experiências, chamar pessoas bacanas para dar relatos da cidade, contar de seus cantinhos preferidos, de suas impressões da pauliceia desvairada. São Paulo é muito grande, complexa e cheia de possibilidades, para uma única só pessoa explorar.

Por Bell Gama:

"Para uma menina que estava acostumada a pegar apenas o ônibus Jardim Irajá na esquina de casa, ir para o inglês no centro de Ribeirão Preto e voltar, São Paulo tinha tudo para ser assustadora.
Quando se mora no interior pouco se assusta. Você conhece as pessoas, a cidade, que horas o vizinho chega em casa, quem é a melhor doceira da cidade, onde comprar o uniforme da escola e quem traz coisas do Paraguai.
Cheguei em São Paulo em 1998. Eu não achava, mas era uma adolescente. São Paulo me fez mulher. Aqui trabalho, me apaixonei, desapaixonei. Aqui comprei minha casa e fiz meus amigos. Daqui fui para o mundo e voltei e vou e volto ainda repetidas vezes.
Hoje acordei às 8 horas da manhã para atravessar 11 quilômetros em uma hora. Tempo até que bom para uma sexta-feira. Antes de pegar a alça para a Avenida 23 de maio, me deparei mais uma vez com o mural dos Gêmeos, Nina e Nunca. Tirei uma foto, postei no Instagram.
A imagem do mural que vi tantas vezes ficou rondando a minha cabeça e me fez alugar o filme “Cidade Cinza” que conta a história de quando o mural foi apagado em 2008. Escrevo esse texto ainda com os créditos do filme subindo em minha tela. Ele conta brilhantemente a luta da arte contra o concreto.
Quando me mudei para São Paulo recebi muitas recomendações. Diziam-me que eu seria assaltada, que não poderia andar sozinha, que pegar transporte público era impossível e que criar uma família em São Paulo era uma coisa de louco.
Mas no meio de tanta contra-indicação me encontrei. Todos os dias, olho para a minha janela que dá de frente para tantas outras janelinhas e vejo vida. Ouço crianças rindo, cachorros latindo, o cara do sorvete que passa assobiando todo dia às 5 horas, tem o sino da igreja e lá no fundo ouço um barulho da televisão de alguém. Não estou sozinha.
Não sei se eu mudei ou se foi a cidade. Não sei se São Paulo está mais corajosa ou eu. Mas nos últimos tempos, desde que decidi vender meu carro e comprar um CEP, assumi São Paulo para mim. Participei de manifestações, vou a eventos gratuitos, promovo junto com amigos um bloco de carnaval, as feiras de rua viraram um dos meus programas preferidos e privilegio todos os shows de rua possíveis. Engoli o medo e parei de chamar o meu vizinho, o “Minhocão” de “Faixa de Gaza”. Calcei os tênis e o tomei como minha pista de corrida. Todas as noites, divido o espaço com alguns mendigos mas também com outros tantos paulistanos que encaram o centrão às 9h30 da noite. Em algum momento decidi: ou São Paulo é minha ou é do medo.
Ao assistir “Cidade Cinza”, percebi que os grafiteiros fazem o mesmo há muito mais tempo. Mesmo tendo sua obra de arte de mais de 700 m2 e tantas outras apagadas por uma horrorosa tinta cinza, eles continuam, refazem, repintam e marcam permanentemente essa cidade que faz de tudo para ser bonita. Fiquei triste ao ver a politicagem em torno do mural. Enquanto o Sr. Kassab pousava para fotos e um bispo que não sei porque estava no filme “benzia” o mural e tantos outros secretários faziam cena, os artistas ficaram ao fundo.
Na minha São Paulo eles estão na frente, protagonistas, e agradeço todos os dias por enfeitarem meu caminho."





Agradecimentos à querida Bell: obrigada por compartilhar suas experiências nesta louca cidade, que me deu de presente o prazer de te conhecer!


segunda-feira, 31 de março de 2014

Uma lua iluminando na escuridão

Acho que não há dia mais propício para esta postagem. Por todo o debate que foi e está sendo gerado a partir da divulgação da pesquisa do IPEA "Tolerância social à violência contra as mulheres", que foi buscar saber de 3.810 entrevistados suas percepções sobre o tema. O resultado foi assustador e culminou em uma manifestação virtual muito importante e da qual falarei já já. Alguns dados da pesquisa até foram mais animadores, mas outros nos fazem refletir o quanto nós avançamos na luta pela igualdade.
Este é dos mais chocantes: 65% dos entrevistados concordam, parcial ou totalmente, com a afirmação de que "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Detalhe: 66% dos que foram ouvidos eram exatamente mulheres. Isso gerou uma comoção e indignação muito grande, que resultou no evento: "Eu não mereço ser estuprada", no Facebook.

Faz dois dias que não consigo parar de ler manifestações de apoio e, especialmente, relatos de mulheres que, pela primeira vez na vida, resolveram quebrar o voto de silêncio e expor suas dolorosas histórias a milhares de desconhecidos. O mais impressionante é perceber que, a cada relato de estupro revelado, outras três, quatro pessoas comentam que também sofreram o mesmo. Os números de outras pesquisas já mostram que a situação é gravíssima, mas ler os relatos, ver o rosto dessas pessoas... não consegui digerir até agora. Talvez nunca consiga.

Por isso mesmo, por toda esta discussão que não pode cessar e calar, não vejo melhor momento para falar sobre a Casa de Lua, local que coincidentemente conheci na sexta-feira. É um projeto muito bacana, um coletivo formado por várias e diferentes mulheres, que promove em uma casa na Vila Anglo, Zona Oeste, eventos que propõe a reflexão sobre o papel da mulher na sociedade. Política, maternidade, trabalho, astrologia, beleza, tecnologia, manifestações artísticas, exposições e saraus, como o que fui na sexta, estão na agenda. As fotos abaixo são do "primeiro Sarau de Lua, uma festa de celebração a todas as manifestações artísticas, em que se pode recitar, ler, performar, dançar e cantar", como diz o próprio 
convite. Teve poesia (uma delas brilhantemente declamada pela minha amiga Maria Teresa), sanfona, canção popular, exposição de fotografia... Uma vibração indescritível e uma energia tão boa que será difícil não voltar várias outras vezes.

Mais da proposta e do trabalho destas mulheres incríveis aqui: 
Casa de Lua







Prefiro ignorar os comentários que fazem piada ou tentam descaracterizar o movimento "Eu não mereço ser estuprada". Mas é difícil não bater uma angústia de saber que os 65% não são ilusão. Estão ali, em cada uma das frases bizarras escritas nas páginas ou proferidas nas rodas de amigos/colegas. Mas conhecer coletivos como este me dão ânimo e me fazem acreditar que ainda há esperança. Tem de haver.

PS: nunca passei por nenhuma situação de abuso (pelo menos não alguma que minha memória infantil não tenho apagado-e sabemos como isso acontece na primeira idade, e como nossa mente tem este poder de bloquear certas informações, como forma de proteção). Mas sofri um sequestro-relâmpago junto com outras duas amigas há 1 ano e meio, e tive que ouvir dos bandidos que "com certeza nós não tínhamos namorado, porque se tivéssemos não estaríamos andando pelas ruas da cidade sozinhas numa quinta-feira à noite". Como se uma mulher, pra sair de casa a qualquer horário, para qualquer lugar, precisasse estar acompanhada de um "macho" que a proteja. Até quando?










 

sexta-feira, 21 de março de 2014

365 dias

Esta semana completei 31 aninhos... E o dia do meu aniversário, 18 de março, coincide com o dia do aniversário deste blog, que completou 1 ano. 

O aniversário de Daniela Florenzano foi um dia de celebração, de energias positivas, de amigos, família, colegas desejando coisas boas. Foi um dia de renovar meus desejos e sonhos. Parece bobagem, pra muitos é apenas mais um dia do ano, mas eu gosto de usar estas datas marcantes para reavaliar a vida, reforçar as promessas e vontades, me sentir com energia pra seguir em frente com meus objetivos. Claro, temos que manter este espírito o ano todo, mas gosto de me sentir nascendo de novo e renovando minha existência.

O aniversário do blog foi um dia para voltar no tempo, 365 dias atrás, e reavaliar: como me sentia em relação à cidade em 18 de março de 2013? Como me sinto agora? O que eu descobri neste um ano? (apenas para relembrar, este foi o post inaugural do blog: "Iniciando o processo de reconciliação".). 
Foi muito bacana ler este post de novo. Mais do que isso, saber que eu consegui fazer as pazes com São Paulo através deste blog. Ele me "forçou" a ver as coisas boas da cidade e, olha, neste 365 dias descobri muita coisa boa escondida por aí.

São Paulo é perfeita? De jeito nenhum! Ainda é caótica? Com certeza! Tem muito a melhorar? Sem dúvida! Então você me pergunta: "mas o que raios mudou dentro de você, Daniela?". Não sei se sei explicar... Uma vontade muito grande de contribuir para que o meu lar, o nosso lar, seja sempre melhor. 

Neste 1 ano eu percebi que posso andar de transporte público. É difícil, exige força de vontade, mas não é impossível. Mudei de apartamento, para um muito melhor localizado. Isso me ajudou a ter outra relação com a cidade. Faço muita coisa a pé, na minha área, e me tornei uma paulistana mais observadora por isso, tanto para ver os defeitos, como para ver as qualidades.

Descobri o Alex Senna e sua arte incrível que alegra meus dias, a importância da ocupação do espaço público com música, arte, dança. Descobri os coletivos, que estão aí, na luta por uma São Paulo mais harmônica, mais viva, mais vibrante. Participei, como observadora e como repórter, das manifestações de junho. Contraditórias, não sei se tão efetivas quanto imaginamos ou gostaríamos, mas que levou às ruas milhares de pessoas insatisfeitas, mas com vontade e sede de mudança. Saímos da inércia. Descobri a Casa de Francisca, a Casa do Núcleo, o Riconcito Peruano, o Museu da Língua Portuguesa. Reafirmei meu amor à Mostra de Cinema, à Virada Cultural, ao Sesc e ao carnaval de rua, que este ano foi mais lindo do que nunca. Comprei uma bike e descobri um novo jeito de me locomover (ainda que timidamente, aos fins de semana, pela ciclofaixas e parques). Virou paixão!

Caramba, São Paulo, que ano bom este! Muito obrigada!


PS- O mais incrível foi que no dia do aniversário deste blog, no dia do meu aniversário, duas árvores gigantes caíram na minha rua. Fiquei sem luz, sem internet, sem sinal... E não deixei de amar menos a minha cidade por isso!

De bike no Minhocão

linha 775F-10 - Jardim das Palmas 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Sem abadás e cordinhas, apenas com as ruas cheias de alegria

Poucas coisas fazem a gente ficar tão feliz quanto ver as pessoas ocupando as ruas da nossa cidade com brincadeiras, alegria e festa! Foi o que aconteceu neste fim de semana em São Paulo. Foi lindo de ver!
Pra quem curte esse movimento do carnaval (eu sou uma verdadeira entusiasta), não podia ter sido melhor. São Paulo, que já foi considerada o túmulo do samba, está resgatando o espírito da festa de rua. Graças a um esforço da Secretaria Municipal de Cultura, em conjunto com polícia, CET e subprefeituras. 
Posso dizer melhor sobre isso, já que faço parte de um grupo de amigos que organiza um bloco de rua. O Saia de Chita nasceu em 2007, sai sempre da Pompeia no pré-carnaval, e de Santa Teresa/RJ no domingo de folia. E este ano nós pudemos experimentar pela primeira vez o que é ser um bloco "regulamentado" pela prefeitura. A Secretaria de Cultura resolveu organizar o carnaval de rua de SP, mas no sentido bacana da palavra "organização". Tivemos acesso a banheiros químicos, agentes da CET fechando a rua e organizando o trânsito, para que os foliões pudessem curtir sem se preocupar. Policiais foram até a "nossa rua", bateram um papo com os organizadores, mas tudo na mais absoluta paz, sem qualquer tipo de tensão ou repressão. Ainda há muitos ajustes a fazer, especialmente na questão da burocracia, mas é um passo importantíssimo para a democratização do carnaval. Poder circular livremente pela sua cidade, curtir com a família, amigos, cachorros e papagaios, sem ter de pagar uma módica fortuna com abadás, cordinhas que segregam e afins: nós apoiamos!

Aos que se interessarem e estiverem pelas bandas do RJ, o Saia de Chita sai novamente do Largo do Curvelo, Santa Teresa, às 17h00 no domingo de carnaval.











 PS: Não há como não mencionar o lamentável acidente envolvendo um motorista que atropelou foliões na Fidalga, Vila Madalena. Mas não podemos deixar que este incidente isolado acabe com um movimento tão bacana pelo qual a cidade está passando. Tendo a crer que, quanto mais ocuparmos a cidade, mais as pessoas vão se acostumar com esta situação e saber se portar diante disso. E mais as autoridades saberão lidar com as ruas ocupadas. E todos vão ganhar com isso.
 




sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Ola, Peru!

É uma portinha tímida no meio da tumultuada Aurora, quase esquina com a São João, no coração do centro. A identificação do estabelecimento é feita com uma folha de papel sulfite escrita à mão. A portinha leva a uma escadaria interminável. Não dá pra saber o que tem lá dentro. São duas opções: subir e sondar, ou confiar e arriscar. Confiei no grande Álvaro Pereira, amigo tucunino e que quase sempre tem razão. O Riconcito Peruano é um paraíso dos amantes da culinária andina. 

Estive no Peru em 2008 e me apaixonei. Por tudo: cultura, história, paisagens e, claro, a culinária. Gosto de pimenta, temperos e sabores diferentes. Curiosamente, naquela época eu ainda não tinha aprendido sobre as maravilhas do peixe cru. A culinária japonesa não me apetecia, portanto, não experimentei o tradicional ceviche. Fui provar apenas no fim do ano passado (vergonha, confesso!).

Voltando... Na escada, você já percebe que o restaurante, antes frequentado majoritariamente por peruanos e trabalhadores da área, virou point de todo tipo de público. Uma fila imensa mostra que algo ali está chamando a atenção. Mas o legal é a agilidade: você não espera mais do que 20 minutos.

O lugar é muito simples, não há o menor apego com detalhes estéticos. Alguns panos andinos decoram as paredes e só. A vista é horrorosa, para um prédio em construção/abandonado/incendiado. Mesmo assim, é incrível como alguns lugares têm a capacidade de te fazer sentir confortável, mesmo quando o ambiente não propicia isso. 

Riconcito Peruano
Quando a comida chega, aí você está no céu. Tudo muito bem feito, a preços justos e módicos, pratos bem servidos. Comemos o ceviche, o Leche de Tigre e otras cositas más que não me recordo agora. Foi uma bela experiência gastronômica e o Riconcito Peruano entrou para a lista dos lugares que tem que ir em São Paulo.

Foi bom matar as saudades do Peru! 

Cuzco, Peru - 2009


Ps- Não tem site, claro. O endereço é este: Rua Aurora, 451, Centro, São Paulo. Confie e arrisque!