quinta-feira, 28 de março de 2013

Aos motoqueiros, motoboys e motociclistas... com carinho!


Saio da Band, véspera de feriado, querendo chegar logo em casa. Ando um quarteirão e sou avisada por um motoqueiro que meu pneu está furado.

Ele encosta para me ajudar. Fica ali comigo, 30 minutos, me ajudando a desvendar onde estão as ferramentas e a trocar o pneu. 

Quando pergunto o que posso fazer para agradecer, ele diz: "Simples: ore por nós, motoboys, motoqueiros e motociclistas".

Chorei! Existe amor em SP! Muito amor! E minhas orações de hoje serão para todos desta categoria, que tanto se arrisca nas ruas para levar o pão à mesa!

Sem foto, sem ilustração do momento... apenas um relato que merece ser compartilhado com aqueles que já perderam a esperança na cidade.



Não perca! Eu não perdi!
 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Muros que falam

"Meto a cara na manhã
empoeirada da metrópole
arrasto comigo um poema
em busca de palavras exatas
para ser tecido.

Jogo o corpo na manhã
cinzenta da cidade
com a cara lavada de perspectivas
e o coração que é um largo lençol
de cicatrizes.

Navego longamente na manhã
urbanotrópole
com o saco cheio de sair pela traseira
da vida."

~Da série problemas pessoais~ Salgado Maranhão


Foi em uma dessas manhã de dezembro passado que me deparei com esta arte no muro de um caminho que faz parte da minha rotina diária.








O estilo me chamou a atenção: nostálgico. Traços firmes, com o branco e o preto, eventos cotidianos... Simples. Me ganhou! E mais tarde eu iria descobrir que este é somente um dos vários muros da Vila Anglo Brasileira (e da cidade) que são preenchidos com personagens que nos lembram um pouco de nós mesmos.




Não sei dizer ao certo se os desenhos foram chegando aos poucos, ou se sempre estiveram lá e eu não estava com o coração aberto para perceber. Perceber que existe vida acontecendo no meio do concreto da cidade. Que há poesia debaixo da poeira cinza de São Paulo.





Apelidei carinhosamente o autor de "artista anônimo da Vila Anglo". Até descobrir, num domingo, após um show no Parque da Juventude, Zona Norte da cidade, mais uma imagem estampada em uma das paredes. Inconfundível!





Bom... eu PRECISAVA saber quem era esta pessoa que, sem exageros, me arrancava um sorriso a cada esquina, a cada muro. 


Olhando com mais atenção, percebi uma assinatura que se repetia em todos os cantinhos de todos os desenhos... Busquei na internet, sem sucesso. Foi quando, por meio de um apelo nas redes sociais, um amigo me mandou o perfil dele: Alex Senna (http://www.facebook.com/senna.alex?ref=ts&fref=ts)



Mais inexplicável ainda foi meu encontro com o artista. Um dia depois de desvendar sua identidade, por acaso a pé, passei pela mesma pracinha de todos os dias... E lá estava o próprio, em ação.


Minha abordagem foi a clássica: SOU SUA FÃ. Talvez eu tenha assustado o rapaz, mas o objetivo era apenas fazê-lo entender que o trabalho dele alegra a vida de muita gente que, como eu, tem de enfrentar o trânsito louco de São Paulo todos os dias. 




A imagem abaixo foi a última que vi, estampada em um muro da Vila Anglo. E minha diversão, atualmente, é buscar outras espalhadas por aí! O que me faz sair do modo automático e, realmente, parar para olhar a cidade.




Talvez por virem em conta-gotas, achados que se deram (e ainda se dão) aos poucos, os desenhos tenham me marcado tanto! É como uma descoberta de mim mesma, lenta e contínua, mas muito prazerosa!

- Para quem quiser saber mais sobre o trabalho de Alex Senna: http://www.alexsenna.com.br/

- E falando em olhar os muros, indico dois tumblrs muito bacanas:

* A ideia do título deste texto veio de uma hashtag usada no Instagram por muita gente (e por mim, para compartilhar estas fotos) que flagra artes nos muros... muros que falam conosco todos os dias.

"A ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas, como se sente que são"
Fernando Pessoa