sexta-feira, 19 de abril de 2013

São Paulo para as pessoas: dá para MUDAR?

No último capítulo da série "São Paulo para as pessoas", a resposta à pergunta fundamental: como mudar o cenário atual da cidade? É possível? Os especialistas ouvidos são otimistas. Mas reconhecem que o caminho ainda é longo. Passa por mais eficiência do poder público, mais consciência da população e disposição para mudar hábitos. É uma mudança profunda na maneira como vivemos na cidade, como nos relacionamos com ela. 

A urbanista dinamarquesa Helle Soholt diz algo interessante: São Paulo precisa começar a avaliar melhor o posicionamento do espaço público. Pensar em como estes locais podem trazer benefícios para a cidade. Se apropriar melhor destes gaps. Seja uma praça, seja um buraco entre prédios. Ele pode ser mais que apenas um buraco. Tipo este canteiro central abaixo (em Nova York). Pode ser só um canteiro central ou pode ser uma área de convivência.

Projeto da Gehl Architects: http://www.gehlarchitects.com/#/378166/
A reportagem termina com um recado. Na verdade, um conselho de Helle: governantes, sejam corajosos! Para que as mudanças aconteçam, é imprescindível que haja uma forte liderança política. Alguém com coragem suficiente para encarar os desafios e enfrentar a oposição (virá dos políticos ou da própria população, que vai ter dificuldades em aceitar que a mudança é necessária). 

Você ouve a última reportagem da série em 92,1 fm: 6h05; 10h40; 15h40; 20h40 e 0h05
Também disponibilizamos o áudio aqui:https://soundcloud.com/radiosulamericatransito-1/s-rie-s-o-paulo-para-as-4   

Eu estou confiante de que a transformação na cidade pode acontecer. Independentemente disso, o que não pode acabar é o debate. Não podemos nos conformar.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

São Paulo para as pessoas: EXEMPLOS de mobilidade urbana

Não tive a oportunidade de conhecer (ainda) Curitiba, mas já pude observar de perto como funciona o sistema de locomoção em Nova York (e em Londres, há muitos anos). E não há o que dizer, além de que é realmente incrível. Não há motivos para usar o carro no dia a dia, porque o transporte realmente funciona. Os ônibus passam no horário (há aplicativos que permitem ao usuário ter acesso a essas informações), a rede de metrô é ampla e com um diferencial bem bacana: muitas linhas e estações têm os serviços expresso e local. Os expressos seguem direto, param em poucos pontos. Os locais param em todos. Afinal, se vou sair do Jabaquara e descer no Tucuruvi, não preciso parar em todas as estações, não? A cadeia de metrô lá é bem complexa e diferente da nossa, mas funciona. Por isso, não há a necessidade de usar o carro para se deslocar para o trabalho.E durante a noite? Aí preciso do veículo particular, certo? Não... Em Londres, por exemplo, existem os night buses, além do táxi. Claro, não é o preço abusivo de São Paulo. 

Ah, mas estamos falando de primeiro mundo, cidades que têm dinheiro, poder, educação... Bom, vamos voltar ao nosso território, então. A entrevista com o diretor do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da PUC do Paraná foi uma aula de como pensar a cidade de forma inteligente. A capital paraense, lá atrás, na década de 70, começou a perceber o crescimento populacional e a necessidade de organização. Lá, uma construtora só pode erguer um prédio com mais de seis pavimentos se o local for próximo de uma rede de transporte: estação de metrô, terminal de ônibus... Mais gente morando nos arredores alimenta o sistema. Significa mais dinheiro e investimentos no próprio sistema. O que gera ampliação da rede e distribuição das pessoas pela cidade. Organização do crescimento populacional.

Em Curitiba também existe o "expresso e local" para os ônibus, além de um sistema integrado (mais detalhes aqui: http://www.urbs.curitiba.pr.gov.br/transporte/rede-integrada-de-transporte). Nos corredores, passam no máximo duas linhas diretas (que levam mais passageiros e passam em mais horários) fazendo a ligação de um terminal para o outro. A transferência é feita nos terminais, aí sim, para linhas que levam aos bairros. O chamado Sistema "Tronco-Alimentador". Assim, os corredores fluem, eliminando aquela fila de ônibus andando a 2 km/h, tão comum em São Paulo.

Ideias e mais ideias! Que podem contribuir para melhorar a nossa cidade.
Recomendo o site da Gehl Architects, referência em projetos de mobilidade urbana em todo o mundo. Tem muita coisa bacana: http://www.gehlarchitects.com/#/489221/ 

Este é o tema do quarto capítulo da série "São Paulo para as pessoas":  o que podemos aprender com cidades que, há décadas, perceberam a importância do coletivo, e investiram no transporte público e meios alternativos de locomoção?

A reportagem está no ar em 92,1 fm: 6h05; 10h40; 15h40; 20h40 e 0h05 
No soundcloud da rádio também: https://soundcloud.com/radiosulamericatransito-1/s-rie-s-o-paulo-para-as-3

Termino com um post publicado no Facebook da minha amiga/irmã mais nova/colega de apartamento, que usa o transporte público todos os dias para ir ao trabalho, mas hoje resolveu tirar o carro da garagem:

"Nas poucas vezes em que opto por usar o carro em vez do metrô para chegar ao trabalho, sinto-me uma completa estúpida. Uma completa estúpida arrependida. Uma estúpida arrependida completa.
Mais amor, menos buzina. Na moral, São Paulo"- Flávia Elisa Pereira


em algum elevador da cidade





quarta-feira, 17 de abril de 2013

São Paulo para as pessoas: deixe o MEU carro passar

Já vimos que o ciclista é uma peça importantíssima no processo de mudança da cidade. Mas não há segurança, estrutura, integração. Também vimos que o transporte público é escasso, lotado e, na conta final, em muitos casos, deixa de ser vantajoso nos quesitos comodidade e tempo. O que nos leva a usar o nosso carro. O que gera filas quilométricas todos os dias nas ruas da cidade. O que não atende o objetivo final: locomoção. Pelo menos não com eficiência.

Mas o mais interessante na produção desta reportagem foi descobrir que a raiz do problema pode estar em outro lugar: remonta ao processo de construção da sociedade brasileira. À monarquia, mas não precisamos ir tão longe: aos exemplos que nos são passados hoje, de cima para baixo (do governante para a população, do pai para o filho, do professor para o aluno).

O antropólogo Roberto da Matta traz ideias interessantes: como nós absorvemos o estilo de vida dos governantes. O carro não é visto apenas como um meio de locomoção. Ele é um sinônimo de poder. Roberto da Matta afirma que os primeiros objetivos de uma pessoa, quando começa a ganhar mais dinheiro, são: contratar uma empregada doméstica, ter a casa própria, ter o carro. 


E é esta mentalidade que precisa mudar. A sociedade deve entender que o coletivo vem antes do privado (já mencionei isso no segundo capítulo, mas é necessário bater nesta tecla). Que não há nada de poderoso em ficar parado horas no trânsito, se estressar, xingar o outro, tentar dar uma de esperto e cortar caminho por onde não pode. Aliás, esta é outra cultura típica do brasileiro: o famoso "jeitinho". Infringir as leis e achar que isso é o máximo e que você é que é inteligente (estou, claro, generalizando).


Ninguém está dizendo que você não deve ter um carro. A sugestão é de um uso mais consciente dele.


Digo tudo isso como aprendiz: também me encaixo na categoria dos que usa o carro para toda e qualquer jornada. Mas a reflexão precisa começar em algum momento. Para mim, já começou.

A reportagem está no ar em 92,1 fm, nos seguintes horários: 6h05; 10h40; 15h40; 20h40 e 0h05 

Está aqui também: https://soundcloud.com/radiosulamericatransito-1/s-rie-s-o-paulo-para-as-2




Foto tirada em congestionamento na Zona Oeste

Foto tirada em congestionamento na Zona Sul

Foto tirada no Dia Mundial Sem Carro- 22/09/2012

terça-feira, 16 de abril de 2013

São Paulo para as pessoas: o transporte COLETIVO

Meu percurso diário (casa-trabalho e trabalho-casa) tem cerca de 10 quilômetros, com duração de aproximadamente 30 minutos (às vezes mais, às vezes menos, dependendo do trânsito).Se eu decidir usar o transporte público, a saga é: caminhar 20 minutos até a avenida principal, pegar um ônibus até o metrô, embarcar na linha verde, mudar para a amarela, descer e pegar mais um ônibus. Tempo total: 1h00 a 1h30. Durante a viagem (porque é o equivalente, em tempo, ao trajeto São Paulo-Bragança Paulista, portanto, uma viagem), tenho que me digladiar com os milhares de usuários que tentam sair da linha verde e passar para a amarela. Este cenário ainda é considerado favorável, perto do caos da linha vermelha às 6 da tarde.


Falando assim, não há dúvidas: não dá vontade mesmo de deixar o carro em casa e usar o transporte coletivo. E é esta mentalidade que precisa mudar. Precisamos (me incluo nessa) entender que o coletivo vem antes do privado. Claro, o poder público é responsável por tornar atrativo o transporte: oferecer à população algo eficiente e de qualidade, nos fazer ter vontade de usá-lo. Estamos ainda distantes desta realidade. Mas podemos começar a trabalhar a ideia do privado/coletivo internamente (falaremos mais sobre isso amanhã).


Este capítulo da série "São Paulo para as pessoas" vai mostrar a importância de um elemento-chave neste processo: integração. Os sistemas de transporte precisam conversar. Separadamente eles não funcionam.


Você ouve em 92,1 fm: 6h05, 10h40, 15h40, 20h40 e 0h05






Avenida Eusébio Matoso

Cardeal Arcoverde x Faria Lima:
a completa falta de organização dos ônibus, que ocupam todas as faixas 
Integração bike x metrô:
 apenas por um período de 3 horas e meia,
a partir das 20h30
Nos fins de semana, a partir das 14h00 de sábado e o dia todo no domingo



segunda-feira, 15 de abril de 2013

São Paulo para as pessoas

Um dos motivos que me fez escolher o jornalismo e me faz gostar muito do meu trabalho (além de poder ajudar as pessoas todos os dias a escapar dos caminhos ruins e chegar ao destino com mais tranquilidade) é ter um espaço para poder pensar a cidade. Produzir reportagens que possam contribuir para a discussão: como transformar São Paulo em uma cidade mais habitável, agradável, menos caótica? 

É curioso como a nossa tendência é sempre dizer que não tem mais jeito, que ela é assim e pronto: aceite e tente conviver com isso, ou desista e vaze. 

Não consigo fazer nem uma coisa nem outra: vazar, por enquanto, não é uma possibilidade. Aceitar também me incomoda. Não é possível que em pleno século XXI não haja saída para os problemas de São Paulo. Com tantas invenções mirabolantes, tantos gênios de diversas áreas espalhados por aí, tem que ter um jeito. 

Eu não fiz engenharia, não entendo de estratégia viária, não tenho poder algum para mudar nada. Mas posso contribuir no campo das ideias. E a rádio também tem este papel: iniciar um debate, ouvir especialistas, pessoas que vivem em outros lugares, tentar descobrir o que podemos "copiar" de outras capitais onde o negócio funciona. 

É isso que propõe a série "São Paulo para as pessoas", que começa hoje e vai até sexta-feira. É possível, em uma cidade que hoje tem mais de 11 milhões de habitantes, que ciclistas, motociclistas, usuários de automóveis e transporte público, convivam em harmonia? Eu entrevistei a urbanista dinamarquesa Helle Soholt, referência em mobilidade urbana, além de especialistas brasileiros e moradores de capitais consideradas modelos. E o que descobri é que, sim, é possível. Mas só vai acontecer se houver uma mudança drástica de mentalidade, hábito, cultura. É algo muito mais complexo do que simplesmente construir mais uma ponte ou inaugurar mais uma ciclovia. A mudança tem que começar dentro da gente!

O capítulo de hoje é sobre a ponta mais frágil do sistema de locomoção: como inserir o ciclista nesta equação?

Dá pra ouvir na rádio: 92,1 fm, nos seguintes horários: 6h05; 10h40; 15h40; 20h40 e 0h05 
Dá pra ouvir aqui também: https://soundcloud.com/radiosulamericatransito-1/s-rie-s-o-paulo-para-as

Postarei no blog, todos os dias desta semana, os demais capítulos. 
Espero que gostem! Espero que pensem! Espero que seja um começo!



Novembro de 2012: Avenida Paulista




 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

"As ruas são pra dançar"

A ocupação urbana, em todas as suas naturezas, gera afetividade e apropriação com a cidade e isso gera a cidadania crítica e ativa

Este é um dos princípios do movimento BaixoCentro. A primeira edição aconteceu no ano passado, mas acredito que nasceu, de verdade, muito antes. Surgiu de uma inquietação que existia dentro das pessoas que moravam, trabalhavam, andavam por esta área da cidade, tão degradada, especialmente pós Minhocão. Pessoas que queriam ver mais cor, mais vida, mais gente sem medo de sair, de dar as caras, de ocupar as ruas com alegria, arte, festa, dança... Aliás, este é o lema (e título do post): “as ruas são pra dançar”. 

Tudo o que você precisa saber sobre o Festival está aqui: http://baixocentro.org/

E ele só vai acontecer porque muita gente (posso dizer, com orgulho, que eu também) colaborou, doando qualquer que fosse a quantia, através de financiamento coletivo. COLETIVO: é muito bom saber que as pessoas ainda se unem para fazer a felicidade acontecer.

E este post é apenas um convite: saia, participe, veja, ocupe a cidade. Ela também é sua!  Temos 10 dias, a partir de hoje, de agora, para transformar o cinza de São Paulo em arco-íris.



Piquenique no Minhocão - 2012