sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Ola, Peru!

É uma portinha tímida no meio da tumultuada Aurora, quase esquina com a São João, no coração do centro. A identificação do estabelecimento é feita com uma folha de papel sulfite escrita à mão. A portinha leva a uma escadaria interminável. Não dá pra saber o que tem lá dentro. São duas opções: subir e sondar, ou confiar e arriscar. Confiei no grande Álvaro Pereira, amigo tucunino e que quase sempre tem razão. O Riconcito Peruano é um paraíso dos amantes da culinária andina. 

Estive no Peru em 2008 e me apaixonei. Por tudo: cultura, história, paisagens e, claro, a culinária. Gosto de pimenta, temperos e sabores diferentes. Curiosamente, naquela época eu ainda não tinha aprendido sobre as maravilhas do peixe cru. A culinária japonesa não me apetecia, portanto, não experimentei o tradicional ceviche. Fui provar apenas no fim do ano passado (vergonha, confesso!).

Voltando... Na escada, você já percebe que o restaurante, antes frequentado majoritariamente por peruanos e trabalhadores da área, virou point de todo tipo de público. Uma fila imensa mostra que algo ali está chamando a atenção. Mas o legal é a agilidade: você não espera mais do que 20 minutos.

O lugar é muito simples, não há o menor apego com detalhes estéticos. Alguns panos andinos decoram as paredes e só. A vista é horrorosa, para um prédio em construção/abandonado/incendiado. Mesmo assim, é incrível como alguns lugares têm a capacidade de te fazer sentir confortável, mesmo quando o ambiente não propicia isso. 

Riconcito Peruano
Quando a comida chega, aí você está no céu. Tudo muito bem feito, a preços justos e módicos, pratos bem servidos. Comemos o ceviche, o Leche de Tigre e otras cositas más que não me recordo agora. Foi uma bela experiência gastronômica e o Riconcito Peruano entrou para a lista dos lugares que tem que ir em São Paulo.

Foi bom matar as saudades do Peru! 

Cuzco, Peru - 2009


Ps- Não tem site, claro. O endereço é este: Rua Aurora, 451, Centro, São Paulo. Confie e arrisque!

sábado, 25 de janeiro de 2014

Carta a São Paulo


Querida São Paulo,


Neste dia do seu aniversário, te desejo COMPAIXÃO com tantos que te desprezam, por não entenderem que a culpa dos problemas não é sua, mas sim de quem nunca te tratou com a devida atenção. PACIÊNCIA com aqueles que te desrespeitam, jogando lixo em você, te agredindo verbalmente e fisicamente, pois eles não foram ensinados a te amar (nem sabem o significado da palavra civilidade). COMPREENSÃO com as pessoas que gostam de você, mas perdem a paciência e têm vontade de te abandonar de vez em quando. PERDOE todos aqueles que deveriam e tinham o poder de cuidar de você, mas não o fizeram. ENTENDA que tem muita gente que te ama e quer te ajudar a ser melhor. SAIBA que, apesar da sensação de desamparo, você não está sozinha.

Você é modesta, não pediu presentes. Faço eu uma lista de sugestões para quem quiser contribuir. Deem:

- amor e carinho;
- respeito;
- atenção: São Paulo quer ser observada. Com suas qualidades e defeitos, ela quer que você olhe de verdade pra ela;
- contribuição: que as pessoas tentem usufruir de tudo o que São Paulo oferece, mas também façam sua parte, retribuam.


Com este itens, acho que você já ficará bem mais feliz!


Desejo ainda, aos que você abrigou com tanto carinho, que busquem encontrar tudo aquilo de bom que você tem a oferecer. Há muitos segredos escondidos em suas esquinas, esperando para serem desbravados, descobertos. Que todos entendam que você é um território coletivo. Para te ajudar, todos precisam ajudar, não há espaço para o egoísmo.

Feliz aniversário, São Paulo. A gente te odeia de vez em quando, mas te ama ainda mais, porque és o avesso do avesso do avesso do avesso!



sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Eu desejo...

Depois de um mês de recesso, voltei! É comum virarmos o ano, zerarmos tudo e recomeçarmos, cheios de energias e desejos para os próximos 360 dias. Começo, então, este ano do blog, com uma listinha de desejos para a minha querida SP. Aliás, como é mais fácil gostar da cidade no mês de janeiro. Mais vazia, menos turbulenta, menos opressiva, com menos trânsito e menos caos. Até nos depararmos com a primeira chuva forte do ano e mudarmos totalmente de ideia. Mas... foco nas coisas boas! 

Então, eu desejo para a minha cidade, neste ano que se inicia:

- menos caos nas ruas. Isso está diretamente relacionado ao uso do transporte público. Desejo, portanto, que o transporte continue melhorando cada vez mais e que as pessoas comecem a entender que a nossa realidade de mobilidade precisa mudar. Que elas percam o medo de tentar, quebrem seus próprios conceitos (e preconceitos), deem uma chance. Deem várias chances.

- mais cultura acessível. Em 2013 eu fui a muitos shows e eventos bacanas na cidade. Céu no Parque da Juventude, Tulipa Ruiz no Vila Lobos, Tom Zé, Caetano e turma no Ibirapuera. Tantos outros nos Sescs. Gastando pouco ou nada. Desejo tudo isso em dobro para 2014.

- mais bicicletas nas ruas. 2013 foi o ano de descobrir esta paixão. Andar de bike, explorar a cidade, olhá-la com outros olhos, sobre duas rodas. E foi muito bacana perceber que, cada vez mais, outras pessoas aderem, ou por hobby, ou como meio de transporte. Desejo mais infraestrutura para as bicicletas e mais segurança para os ciclistas. Que possamos usar este meio de locomoção para ganhar saúde, qualidade de vida e mobilidade.

- mais gentileza. Entre as família, amigos, enamorados, desconhecidos. No trânsito, na rua, nos bares, nas filas. Desejo não saber mais sobre pessoas agredidas nos congestionamentos por motivos completamente injustificáveis.

- mais luta. São Paulo desperta aquilo que comentei no primeiro post desse blog:  amor e ódio, tudo junto e misturado. Oferece tantas coisas bacanas, possibilidades infinitas. Ao mesmo tempo, é cansativa, estressante, oprime, te leva à exaustão, até você desistir de tentar gostar dela. Criticar, apontar os problemas, faz parte do processo de transformação, mas lutar por uma cidade melhor é determinante. Quero ver mais gente disposta a erguer as mangas por São Paulo, a não desistir, a fazer sua parte.

Por fim, meu maior desejo é poder ter sempre mais coisas boas do que ruins a dizer sobre São Paulo. Que estes 360 dias sejam incríveis! ;)